terça-feira, 10 de março de 2009

Tia me dá uma coxinha aí



Pedro Franco - Jornalismo - UniverCidade

Há 17 anos, tia Lourdes atende aos pedidos de uma clientela que não abre mão do lanchinho da tarde no carro dos salgadinhos, estacionado na esquina da Rua Pacheco Leão com Barão de Oliveira Castro no Jardim Botânico, em frente ao prédio da emissora da TV Globo. A grande maioria desses loucos por salgadinhos é formada por funcionários da TV, mas além dos globais, os moradores dos prédios vizinhos e pessoas que passam de carro param, compram e levam salgados.

No finalzinho da tarde, lá pelas cinco horas, o carro chega. Uma Fiat Fiorino branca, já bem rodada, batizada pelo pessoal da equipe de externas do jornalismo de “UMS” Unidade Móvel de Salgadinhos. Mal estaciona em frente à emissora e já começam os pedidos. Tia me dá uma coxinha aí... Eu quero um kibe... Tem empadinha de camarão? O pastel tá fresquinho? Eu quero quatro esfihas pra viagem...

E lá vai a tia Lourdes com toda habilidade e paciência atender aos esfomeados que pedem tudo ao mesmo tempo. O incrível é que ninguém, absolutamente ninguém, reclama do atendimento.

Tia Lourdes trata a todos com carinho, mas se orgulha de já ter atendido por várias vezes ilustres clientes como Arnaldo Jabour , que em sua coluna publicada pelo jornal O Globo, teceu elogios apaixonados pela empadinha de camarão da Tia Lourdes. Outro cliente que adora, de vez em quando, comer um salgado da “UMS” é o Jornalista Pedro Bial.
“ O Bial vem aqui e pede uma coxinha de galinha ou um risole” revela Tia Lourdes com um sorriso meio tímido."

Tudo começou em 1992, na época, seu Luiz o marido de dona Lourdes já falecido, trazia o carro e seus filhos vinham com ele para o ajudar. Com o tempo, os filhos cresceram, casaram-se e foram trabalhar com outra coisa. Então, ela passou a vir com o marido. Hoje trabalha com um sobrinho e um empregado. Em 17 anos de funcionamento do carro dos salgadinhos quase nada mudou. O ponto, a receita, o atendimento, tudo continua a mesma coisa, inclusive a forma de pagamento. Tia Lourdes não aceita "tickets" ou cartões, só vende a dinheiro, e olha que vende bem ! Até o ano passado o salgadinho custava R$1,00 a unidade. Hoje custa R1,50. Um reajuste mais do que justo depois de 16 anos com o mesmo preço.

José Colares é operador de unidade portátil de jornalismo e todos os dias faz seu lanchinho no carro dos salgados.
“o difícil é comer só um salgado, a gente vem aqui e se não tomar cuidado come um dois, três, ou mais...”

A história do carro dos salgados da Tia Lourdes desmente aquele velho ditado que diz “tudo que é bom dura pouco”. Que o digam seus esfomeados clientes, apaixonados por coxinhas de galinha.

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